Das três palestras do dia, uma conclusão é comum: está todo mundo interessado nas tais mídias sociais. Eu me questiono como é que uma ferramenta como o Orkut (hoje a possibilidade vai bem além dele) que até há pouco tempo era algo extremamente mal visto corporativamente, passou a ser todo esse frisson. E eu acho que imagino a resposta.
O consumidor descobriu essas redes sociais como formas de voz à sua razão. Começou como brincadeira: alguém desabafando em seu blog pessoal de um mau atendimento numa loja qualquer. E foi crescendo: pessoas talentosas ensinando alguma coisa em foto ou em vídeo. Outras pessoas gostando. Pessoas gostando da súbita e fácil popularidade que a internet traz. Quase uma rede de microcelebridades. E as marcas, finalmente, percebendo que aí nesse processo, podem induzir um consumidor ao consumo, ou à fidelidade.
Falando agora, especificamente, de cada uma das três palestras:
“O valor da idéia num mundo enlouquecido pela concorrência”
De longe, a melhor palestra. O moderador Roberto Justus (suspiro) soube construir um diálogo inteligente com os palestrantes, e soube, com discrição, tirar sarro do palestrante hermano. Este por sinal, se desviou um pouco do que eu imagino que era o foco, ao tratar do valor da idéia como sendo algo monetário mesmo, em termos de remuneração da agência. Mas a sua fala não deixou de dar nós nas minhas entranhas quando ele disse que deveríamos cobrar por idéias, e não por fee, por exemplo. Outro palestrante discordou disso, ao afirmar ter medo do que poderia gerar a valoração de cada idéia. Mas pense bem, não precisa ser a idéia em si. Poderia ser uma remuneração por job. Com certeza, muitos dos publicitários locais (eu inclusa) estariam escrevendo bem menos emails insatisfeitos ao Brifa que eu gosto.
Mas esse não é o caso, e nem o foco. Os outros dois palestrantes falaram da idéia criativamente, e um deles citou algo muito interessante, e que tem a ver com a tão aclamada interação e proatividade do consumidor hoje: a propaganda não tem que ser algo que interfira e atrapalhe o que o consumidor está fazendo, ela tem que ser O QUE o consumidor está fazendo. E foi citado um case do Dia Mundial sem carro, em que foi desenvolvida uma ação para uma marca de veículos. A agência tem que aprender a gerar mais buzz com menos mídia.
E aí é que o papel do profissional de mídia se moderniza, e se funde com outras áreas, como a promoção, o below the line, o no media, porém não perde a sua identidade. A palestra, que pra mim foi pouco atrativa no nome, surpreendeu, e mostrou que os nossos profissionais não devem em nada, para os profissionais estrangeiros.
“Não chute, planeje seu ataque e garanta um gol de placa”
Confesso que marketing esportivo não me atrai. Mas alguns aspectos sociológicos me chamaram a atenção, com respeito às várias mudanças que o Brasil terá de fazer para ser um bom anfitrião da Copa de 2014, inclusive culturalmente. Além de toda a infra-estrutura que deveremos desenvolver, seria ideal desenvolvermos boa educação. Parar de ir ao estádio como vacas num curral. Oferecer segurança para que mulheres, crianças e idosos possam assistir a uma partida. Oferecer subsídios para receber bem os milhares de turistas e jornalistas que virão de fora para o evento.
Mas em termos mercadológicos, o evento será realmente potencial, nos negócios (serão vários mil turistas estrangeiros dispostos a gastar muito dinheiro), e também em oportunidade de comunicação. Mas conforme os próprios palestrantes, ainda é cedo pra pensar em números e previsões. Mas todos deverão estar preparados para aproveitar bem as oportunidades, e aqui, pensei com meus botões que apesar de Goiânia ter ficado de fora como cidade sede, pela proximidade com Brasília, ainda temos muito a pensar.
Só por curiosidade, alguém perguntou qual será a importância das redes sociais na época (e o palestrante aqui confundiu com alguma outra coisa qualquer nada a ver, pois começou a falar de Unicef! =B), e infelizmente um dado triste: o Brasil está bem além da 400ª posição no ranking de países com qualidade de banda larga. É praticamente impossível nossa rede suportar a transmissão de eventos de grande porte live. O que temos são pequenos streamings, isolados, e direcionados a um público específico, mas estamos muito longe de falar em massificação. Outra curiosidade, foi um questionamento a respeito de se o nosso futebol estaria a caminho de se tornar um Superbowl. Em termos de mídia, a resposta é não, pois além de comercializarmos cotas fechadas de patrocínio, e não inserções de 30”, estamos muito longe da verba publicitária usual dos EUA. Em termos técnicos também estamos longe, mas aí eu já não sei explicar.
“Brand Bubble”
A última palestra, muito esperada, foi não tão surpreendente assim. Houveram vários problemas na transmissão, e o palestrante falava muito rápido, de modo que nem a tradutora conseguia acompanhá-lo. Foram muitas informações, algumas relevantes, mas todas apontando para o óbvio: uso de mídias sociais pelas empresas, e construção de canais diretos de comunicação. O palestrante americano ofereceu informações importantes, como o fato de que 1/3 do patrimônio financeiro de grandes empresas reside em sua marca, por exemplo.
As marcas sofreram um declínio ultimamente com relação à variáveis como fidelização e confiança, justamente por conta dessa nova autoridade do consumidor. Uma marca que não é transparente, logo é desmascarada em algum blog. Uma empresa que usa o Twitter unicamente para disseminar spams, não colherá frutos.
A discussão promovida após, foi inclusive muito mais interessante que a própria fala do palestrante. Mauro Multedo, do McDonalds, se mostrou uma pessoa extremamente vibrante e cética quanto à realidade. Ele acredita ser um absurdo as pessoas que vivem a era da internet serem chocadas com a transformação que ocorre hoje. Falamos em passividade do consumidor, mas aqui, opinião minha, somos nós, os profissionais que estamos sendo passivos. Você pessoalmente, pode até não fazer parte das novas tendências. Mas como publicitário, é obrigação que você conheça e entenda os processos, para orientar o seu cliente, e desenvolver estratégias. Quantos mídias vemos no nosso mercado que não se preocupam em conhecer o mundo online, e insistem sempre em tv, jornal e outdoor (esta última na minha opinião, tal como em SP, já deveria ter sido banida aqui, na nossa terra).
E foram essas as minhas impressões. Amanhã teremos mais live blogging, diretamente da transmissão. E à medida em que vídeos das palestras forem disponibilizados no You Tube, linkaremos aqui no blog. Se nossos leitores quiserem enviar seus reviews, selecionaremos alguns e os publicaremos. Fiquem à vontade, e utilizem ao máximo esse espaço, que é nosso, para discussão.
Renata Prado
Diretora de eventos do Grupo de Mídia de Goiás e moderadora dos perfis sociais do GMG.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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2 comentários:
Parabéns pelo REVIEW.
Agradeço ;)
Agora estou por dentro, virtualmente.
Manda mais Renata.
Parabéns pela atualização contínua.
Os vídeos poderiam ter mais 30" ou 1 minuto. O que acha?
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